Assemelhando-se a forma de como apareceu.
Um vento forte que ainda terá deixado os olhos ressecados, e os cabelos ao vento.
Deixando lembranças apenas, e algumas palavras ditas (e não ditas) que ainda ecoavam em tempo real. A partir do momento que fixou-me os olhos, novamente recebi a visita das borboletinhas flamejantes devorando todo meu estômago. Senti aquela mesma sensação.
E todos os músculos faciais se remoiam euforicamente de apenas ouvir susurros de palavras tão doces. Por um momento esqueci que tudo poderia tornar-se miudo.
Até então, perceber, que junto com seus braços, e abraços, ele também confinou-me ilusões.
Essas que comigo assim perpetuaram, e agora são as melhores companhias quando saio pra passear. E sumiu. Assim como um vento forte.
Junto com esse vento, não quis as pobres borboletinhas voarem.
Jogar fora o que não cabe e só fica transbordando pelas laterais acumulando como se fossem entulhos de uma obra já acabada ou o que não pertence mais nem a mim e nem a ninguém. Tão óbvio. Seria mais fácil quando elas não se baralhassem, e não criassem raízes e das raízes não resolvessem brotar de volta. Mesmo que não ágüe, não fertilize, não deixem tomar o sol da manhã, elas não secam, não morrem não se removem. E tudo isso por quê? Pendências que ficaram pra trás.
As dúvidas corroem como as memórias que se recusam a serem deletadas. A busca pela paz é tão consciente e dolorosa que insisto cheia de calos.
Tenho odiado meu tempo vago, por isso tenho preenchido o meu corpo com o cansaço da responsabilidade. Também tenho tentado tapear minhas veias, comecei a escrever para crianças (embora isso abra as portas das minhas memórias de infância que há muito tempo não me confidenciava).
“Eu quis tanto ser a tua paz, quis tanto que você fosse o meu encontro. Quis tanto dar, tanto receber. Quis precisar, sem exigências. E sem solicitações, aceitar o que me era dado. Sem ir além, compreende? Não queria pedir mais do que você tinha, assim como eu não daria mais do que dispunha, por limitação humana.”
A verdade é que tenho preferido esquecer para não acreditar o quanto você foi em vão. Embora eu não despreze nenhum de meus erros, é o que me acerta agora. Já pensei se deveria sentir inveja do seu desamor, mas te vejo tão mais vazio e triste agora que chega a me embrulhar o estômago e assim logo desisto de te invejar.
Seu orgulho e ingratidão me fazem por hora preferir ser uma ostra a um porco-espinho. Não insisto mais e opto a ser covarde. Vou preferir continuar a ver seu barco afundar junto das tuas mentiras.
Eu não me engano. Sou sincera comigo, aprendi a ver a mentira refletida no espelho muito cedo e desaprovei isto, e é fácil reconhecê-la nos teus olhos e também nas tuas auto-afirmações que logo você mesmo reprova, muda de idéia e não se lembra.
Perdi meu amigo . Estou de luto. Estou com a alma vestida de preto. Sem vontade pra samba. Estou com uma parte morta dentro, criando uma casca mais dura fora.